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Foto do escritorLuiz Antonio Titton, Phd

Como transformar seu mestrado ou doutorado em patente ou registro de software

Não é fácil tomar essa decisão durante a sua pesquisa que irá premiá-lo com o título de mestre ou doutor. Afinal, a falta de tempo, insegurança, trabalho cansativo de leituras, redação, compilação de dados, pesquisa de campo, e tudo o mais que vai resultar no seu título irá realmente consumir todas suas energias e tempo. Mas, o maior prêmio depois de um título não é realmente o seu diploma. O conhecimento que ele agregou a você é que realmente vale o esforço.

Mas, título não é emprego e renda garantidos. Pode ajudar, mas não resolve. E, tendo a sua pesquisa pronta, a relevância da sua pesquisa poderá trazer frutos que não são apresentados durante o trabalho. E, relevância tem relação direta com a ciência, lógico, pois você está dando sua contribuição para o desenvolvimento da ciência - mas isso não resolve nada no seu emprego e renda.


O que pode realmente trazer resultado prático no mercado de trabalho é que a relevância da sua pesquisa pode ter relação direta com inovação!

Um dos segredos para o sucesso profissional é ter feito uma pesquisa para mestrado ou doutorado, que tenha impacto suficiente para colocá-lo no grupo dos especialistas em algum assunto que seja importante economicamente. Uma inovação, segundo os especialistas, é uma criação ou ideia que foi desenvolvida e colocada no mercado, ou seja, o resultado da sua pesquisa não passa de uma ideia ou invenção, sem nenhum valor econômico. E, essa sua criação só é considerada inovação quando é transformada em algo que gere valor. E, a métrica de valor é a econômica, não é uma opinião baseada em conceitos.

Os países desenvolvidos tem como métrica de avaliação de suas universidades não apenas as publicações em revistas científicas - isso não é tão importante. O que eles valorizam realmente é o quanto suas publicações impactam no mundo científico e a métrica é a quantidade de citações e publicações em revistas de alto impacto. O que está por trás disso é que o mundo dá valor para publicações de alto impacto porque elas geram inovação. O resultado é que as universidades mais bem avaliadas do mundo são as que possuem mais patentes, até porque para obter essas patentes foram produzidas pesquisas de alto impacto nas avaliações de artigos científicos.

Os pesquisadores mais famosos não são aqueles que tiveram as melhores ideias, são aqueles cujas ideias tiveram maior impacto em citações e produção de patentes. Já pensou nisso?


Inovação à brasileira


No caso do contexto científico brasileiro, a forma de que sua pesquisa de mestrado ou doutorado realmente tenham relevância pode estar diretamente ligada à pensar em produzir um registro de propriedade intelectual no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Há duas formas básicas de realizar isso dentro do contexto da sua pesquisa: registro de software ou pedido de patente. A grande questão é qual delas porque em todas as áreas de conhecimento uma ou as duas formas de proteger sua propriedade intelectual, além do direito autoral, podem ser possíveis.

Aí entra uma classificação, que pessoalmente eu não gosto, que é classificar as áreas do conhecimento em áreas duras ou outras. As áreas duras seriam aquelas ligadas a engenharias e no outro extremo seriam as ciências sociais. Nas primeiras, naturalmente uma patente seria mais adequada já que pode ser um processo ou produto sendo protegido, enquanto que nas ciências sociais, o natural é termos algum software associado.

Mas, vejamos quando se embarca um software em um microprocessador, o que se está produzindo? Um software ou um hardware? Na internet das coisas, quando um chip prevê que para você a falta de sorvete na sua geladeira é algo terrível e urgente, isso é um software ou o hardware inteligente.

Para tomar uma boa decisão, precisamos de um conceito não muito aceito, mas plenamente justificável que diz que um produto nada mais é do que um serviço embarcado em algo físico. Portanto, tudo é serviço e, portanto, qualquer resultado de pesquisa pode (teóricamente) ser transformado em software porque ele é o melhor meio de se entregar um serviço.

Supondo a criação de uma variedade de semente que tenha características especiais - caberia o registro de patente, sem dúvida. Mas, um software associado a ela que faça análise dos parâmetros que recomendam o uso daquela variedade é adequado? Então, temos uma patente e um registro de software como plenamente viáveis.

Em outra hipótese, supondo que um novo processo para irrigação baseada em um microchip que interpreta parâmetros diversos. Não estamos mais falando em um chip programável, mas de um chip já existente e reconfigurado para esse uso. Temos aí uma patente? Provavelmente sim, mas uma patente do processo em si. E quanto a um software? Podemos dizer que é possível registrar um software que faça a análise dos parâmetros e cujo algoritmo tenha sido também aplicado no esquema resultante. Esse software poderia então estar rodando em um PC com outros acessórios acoplados a ele.

Mas, e no caso de uma nova terapia psicológica baseada em um novo conceito que usa palitos de dentes? Parece um absurdo, mas porque não imaginar essa ideia considerando que poderia ser uma pesquisa derivada do uso da acupuntura em tratamentos de enfermidades psicológicas)? Supondo que seja possível, porque não patentear o próprio palito como uma patente de utilidade (tipo em que é dada uma nova utilidade para algo já existente). E, um software seria possível? Porque não agregar na pesquisa um teste rápido em um aplicativo de celular que identifique se a pessoa tem aquela enfermidade e se esse método é recomendável?

Com todos esses exemplos, a intenção é mostrar que praticamente tudo pode ser patenteado ou ter um software associado que possa ser registrado.

Mas, isso ainda não garante ser efetivamente uma inovação, apenas mostramos que pode ser possível proteger sua pesquisa nas duas modalidades de registro mais importantes para a relevância da sua pesquisa.


Valor econômico - quando a ideia vira inovação


Para darmos o passo adiante, faltou a questão de ser algo com valor econômico. O que é necessário para isso é fazer junto com sua pesquisa um procedimento que faz parte da Teoria Job to Be Done (JTBD).

Nessa teoria, as pessoas compram coisas para resolver um problema e o foco da teoria está em que estas coisas compradas, sejam produtos ou serviços, servem basicamente para resolver o problema, senão elas não comprariam nada.

Então, a ideia vira inovação quando existe alguém disposto a pagar por ela porque tem um problema a resolver. O problema é chamado de job, ou tarefa que ela precisa resolver porque é um problema. E, job to be done significa tarefa a ser feita.

Um exemplo simples é entender porque uma pessoa compra uma furadeira se o que precisa é pendurar um quadro. A furadeira nada mais é do que um meio para fazer o trabalho (job to be done), mas isso pode ser resolvido de outras maneiras. A 3M resolveu isso de outra forma (veja aqui), é muito mais barato, fácil e não fica mais um furo na parede. Mas, será que nunca ninguém pensou em fazer isso? Provavelmente sim, só que essa empresa criou uma cola melhor e usou em uma ideia antiga (já vi alguém usar esparadrapo com o mesmo resultado, uns 50 anos atras) e passou a vender isso (inovou) com sucesso considerável. Então, a ideia já existia e o job to be done pode ser resolvido de maneira melhor - antes era só uma ideia, agora é uma inovação que daqui a algum tempo se torna comum, deixa de ser inovação.

O resultado esperado da sua pesquisa tem potencial para ser inovação? O correto é ir até quem iria se interessar por isso e ver se sua pesquisa (maravilhosa, diga-se de passagem) serve para resolver o problema de alguém que esteja disposto a pagar por ela.

Assim, teremos não apenas um registro de software ou pedido de patente, mas uma inovação concreta.








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